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A cardiologia brasileira é, sem dúvida, uma das mais respeitadas do mundo, não somente pelo grande número de especialistas, mas pela qualidade dos seus pesquisadores e importância assistencial.
É também uma das áreas da medicina mais conhecidas pela sociedade, mais divulgadas nos meios de comunicação e mais evoluídas entre as especialidades, por causa de sua grande função de cuidar da saúde das pessoas e pelos investimentos em alta tecnologia.
Há um século, fruto da influência europeia, mexicana e americana, a cardiologia do Brasil cresceu e apareceu em importância e resultados. Temos grandes centros cardiológicos no país e poderíamos ter cientistas agraciados com o Prêmio Nobel de Medicina, a exemplo de Carlos Chagas e Sérgio Ferreira, cujas pesquisas, mesmo sem serem cardiologistas de formação, influenciaram a cardiologia mundial.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), fundada em 1943, foi a catalisadora desse desenvolvimento. São 77 anos de uma trajetória longeva e, ao mesmo tempo, de dinamismo e modernidade, o que a tornou a maior sociedade de cardiologia latino-americana e a terceira maior do mundo, atualmente com mais de 13 mil associados.
Desde sua fundação, por Dante Pazzanese, a SBC atua com o compromisso de expandir e difundir o conhecimento na área da cardiologia, congregando médicos e profissionais da saúde que tenham interesse pela especialidade, estimulando a pesquisa e divulgando junto à sociedade civil os aspectos epidemiológicos das doenças cardiovasculares, sua prevenção e tratamento.
O grande desafio hoje é reduzir a mortalidade por complicações cardiovasculares, e esse tem sido o foco de atuação da SBC, que lembra que sua missão transcende as fronteiras estaduais, visando uma atuação nacional na prevenção e redução da incidência de doenças crônicas não transmissíveis, principalmente as do coração, o que é uma da metas mundiais, preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Devemos nos manter mobilizados no contexto desses objetivos, fazendo nossa parte nessa inconteste luta humanitária.
Em agosto, celebrando o Dia do Cardiologista e 77 anos da SBC, inauguramos um painel com a cronologia dos marcos científicos da cardiologia brasileira, em nossa sede no Rio de Janeiro.
Agora, fazemos um tributo a uma geração de ouro, a qual propiciou um dos orgulhos da medicina nacional, com a arte do pintor Flavio Tavares, que está recriando um século de cardiologia no Brasil, construída com o esforço de homens e mulheres que fundaram uma das mais respeitadas cardiologias do mundo.
A obra “No Coração dos Trópicos, no Coração do Brasil!” vai contar essa história, por intermédio da pintura que é a pura arte, e assim ajudar a fazer da medicina a ciência imortalizada em uma sinfonia de cores, luzes e sombras que ganham vida com a inspiração e o estilo ímpar desse mestre da pintura.
Um desafio é enfrentar o abismo branco da tela, somente com pincel e aquarela, convertendo-a em uma obra-prima. “No Coração dos Trópicos” é um poema aos cardiologistas e à cardiologia brasileira, que traz desde a mudança do perfil nosológico do brasileiro até a mudança no padrão assistencial. As Santas Casas foram paulatinamente substituídas por modernos centros hospitalares, inclusive no setor público, a exemplo do InCor. O universo de cores retrata o humanismo que deve sempre nortear o exercício da medicina, a pesquisa e a evolução dos tratamentos.
A pintura de óleo sobre tela, por meio de personagens reais e imaginários, conta a história do desenvolvimento da cardiologia brasileira, com suas influências no exterior e diálogo com ícones que construíram a medicina no país, como Carlos Chagas e Oswaldo Cruz, personagens centrais desse enredo, passando por Miguel Couto, que faz parte das lições da semiologia cardiovascular, e posteriormente grandes profissionais que contribuíram para a evolução dessa especialidade no Brasil – uma constelação de profissionais da medicina, que com tintas e pincel imortalizarão a cardiologia brasileira.
As cores da aquarela “No Coração dos Trópicos, no Coração do Brasil!” serão entregues nos próximos dias à SBC e trazem uma visão social da cardiologia com abrangência sem paralelo, o que faz dessa obra uma lição de saúde pública que merecerá, em futuro breve, reflexão mais profunda. É um mural que vai marcar época, encantar os que o conheçam e que contem para todos com quantos corações se faz uma grande nação.
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