Há mais de sete décadas, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) vem construindo uma sólida agenda científica para fortalecer, cada vez mais, a especialidade no Brasil. A difusão do conhecimento científico é um compromisso perene, principalmente por conta do cenário que temos de 18 milhões de óbitos no mundo/ano em decorrência das doenças cardiovasculares. No Brasil, anualmente são mais de 380 mil mortes por essas enfermidades. A cada 90 segundos um indivíduo morre do coração no país. E esse contexto somente se agravou com a pandemia do novo coronavírus.
Para superar o desafio de reduzir a mortalidade por complicações cardiovasculares, reafirmamos o nosso compromisso de levar educação médica continuada em cardiologia de qualidade a todos os médicos do país e, assim, cumprir um dos objetivos da SBC, que é a contribuição à qualificação profissional.
Assumimos o protagonismo na cena médica brasileira, participando ativamente da elaboração de diretrizes sobre diversos temas da especialidade, balizando à prática da cardiologia, com foco na melhor evidência científica disponível.
Fomos pioneiros entre as sociedades científicas ao apresentar, em 2011, a primeira diretriz de cardio-oncologia, um marco por se tratar de uma nova subespecialidade que surgiu na área de interseção entre a cardiologia e a oncologia a partir da necessidade de melhoria do cuidado, definição de prioridades e aprofundamento de estudos epidemiológicos que elucidem a fisiopatologia do dano da terapia do câncer ao sistema cardiovascular, permitindo o desenvolvimento de estratégias eficazes para prevenção e tratamento.
À época, também criamos um Grupo de Estudos em Cardio-Oncologia, voltado a promover cursos e disseminar conhecimento sobre o tema, que recebeu uma nova diretriz em setembro deste ano, durante evento on-line que realizamos com mais de 2.500 participantes.
O câncer tem alta prevalência na população, ocupando o segundo lugar na taxa de mortalidade no Brasil e no mundo, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares, principal causas de óbitos em todo o globo.
A relevância epidemiológica das neoplasias e das doenças cardiovasculares impõe um olhar diferenciado sobre a capacitação de recursos humanos e vem mostrando que é necessário qualificar os especialistas para enfrentar esse grande desafio, sendo a formação no âmbito da residência médica o melhor caminho.
Encampada pela SBC, a cardiologia brasileira acaba de conquistar mais um feito importante: a aprovação, por unanimidade pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), do Ministério da Educação (MEC), do Ano Adicional ao Programa de Residência Médica em Cardiologia na área de cardio-oncologia.
Com isso, os programas de residência médica em cardiologia, após o devido credenciamento pela CNRM/MEC, podem ofertar a opção de um ano adicional em cardio-oncologia aos médicos residentes que se interessarem por esse ramo da especialidade. Até então, a obtenção de conhecimentos específicos em cardio-oncologia somente era possível em estágios de complementação especializada ou em cursos de pós-graduação lato sensu, ofertados de maneira restrita. Com a aprovação do ano opcional, será possível o treinamento no âmbito da residência médica, em centros qualificados e com bolsas, permitindo melhor aproveitamento do residente.
Nos últimos anos, os notáveis avanços na terapia do câncer prolongaram a sobrevida dos pacientes, mas deixaram evidentes possíveis consequências da terapia oncológica, como a cardiotoxicidade, a qual pode ser diagnosticada e tratada precocemente.
Por conta deste chamado epidemiológico é importante fazer com que a cardio-oncologia seja disseminada no que se refere às suas práticas e que especialistas sejam formados para assegurar benefícios aos pacientes.
A SBC tem compromisso inenarrável com a qualidade da formação dos cardiologistas e sua certificação. Queremos, cada vez mais, ampliar o acesso ao conhecimento, que na cardio-oncologia, atualmente, é restrito. Trabalhamos, firmemente, para ofertar um programa de educação médica continuada amplo e o acesso a fontes de pesquisas de qualidade como o Clinical Key. As pautas de interesse público são o mote de nossa atual gestão.
E com a aprovação do ano adicional ao Programa de Residência Médica em Cardiologia na área de cardio-oncologia e a matriz de competência do treinamento na área, a SBC reitera que continua incansável na defesa e na promoção do conhecimento científico e evidencia que lidera a constante transformação da cardiologia em ciência que beneficia o paciente.
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